Joab Fernandes de Melo Lula – Graduando em
Pedagogia/UEPB
Cursista do Componente de Aprofundamento Introdução
aos Estudos Culturais em Educação/Curso de Pedagogia-UEPB
SIMON,
Roger I. A Pedagogia como uma tecnologia cultural. IN: SILVA, Tomaz Tadeu da
(Org). Alienígenas na sala de aula:
uma introdução aos estudos culturais em educação. Petrópolis: Vozes, 1995. (p.
61-84)
O
texto descrito em questão é do livro de Roger I. Simon introdução aos estudos
culturais em educação, aprofundado sobre o capitulo III sobre a pedagogia como
uma tecnologia cultural. Essa resenha propõe uma releitura, resumida e mais
clara sobre o que o autor pretende com relação à tarefa de formular uma
pedagogia da possibilidade. Que possamos voltar todas as nossas atenções, como corpo
docente, e a escola sobre as relações de poder existentes que permeiam a esses
tipos de tarefas, quefacilitam ou não, a construção de uma prática pedagógica
educativa relevante ao processo de escolarização. Em um primeiro momento, o
autor busca compreender como pode ser feita essa formulação, essa busca por uma
pratica educacional que possa ajudar os estudantes a avaliar convenções sociais,
através de dois argumentos que são importantes, porém intrigantes, para
podermos identificar como deve pensar as escolas sobre seu processo de
escolarização e trabalho docente. Sobre o primeiro argumento, pensasse que não
se pode acreditar em uma nova forma de ensino a escola perdendo um tempo
precioso simplesmente reproduzindo a sociedade em que vivemos ao invés de
propor uma dimensão para mostrar ao individuo seus deveres e interesses em sua
defesa. A educação nas sociedades
tem a tarefa de mostrar que os interesses individuais só se realizam plenamente
através dos interesses sociais. Sendo assim, a educação ao socializar o
indivíduo, mostra a este que sozinho, o ser humano não sobrevive, e que ele só
pode desenvolver as suas potencialidades estando em contato com o meio social,
ou seja, com as outras pessoas.A educação reproduz a sociedade, pois a
contradição e o conflito não são tão manifestos na sociedade, porque a
reprodução é dominante, observando-se que a educação acaba por fazer o que a
classe dominante lhes pede. Como a sociedade, a educação é um campo de luta
entre várias tendências e grupos. Ela não pode fazer sozinha a transformação
social, pois ela não se consolida e efetiva-se sem a participação da própria
sociedade (GADOTTI, 1995). E o segundo argumento fala sobre o ser prático e
crítico. A questão que mais destrói o caminhar da escola e do docente é o
cansaço físico e mental. A importância
de nos voltarmos para a pedagogia como um modo vital de envolvimento na tarefa
de transformação social é primordial, podendo a escola ter um proposito para
servir, ter conhecimento válido, uma forma de passar tal conhecimento. Diante
de tais argumentos, o autor considera insuficientes e fracos. Fazendo uma
articulação entre estes dois pontos, ele insere no contexto o chamada política
cultural. “Na verdade, é através desse caminho (isto é, da conexão da pedagogia
com uma política cultural) que desejo contestar o segundo argumento, a visão de
que colocar a pedagogia no centro de nossos esforços é um desgaste de energia
que estaria melhor colocada se estivesse dirigida para analises e lutas do
nível macro (SIMON, 1995, p.62). As politicas educacionais também tem seus
pontos que também não podem ser esquecidos, e também são colocados em pauta com
relação a seus objetivos que são de deduzir o valor das distribuições
orçamentárias; a economia entre escolas públicas e privadas. Por isso a
necessidade de uma forma de escolarização em comunidades especificas continua e
democrática quanto a transformações de seus próprios interesses sociais. Das
práticas educacionais, essa transformação se dá através da existência de um
poder que enfatiza os efeitos de uma produção. Ao produzir tal atividade junto
aos alunos, apresenta-se um esforço sobre tal atividade para que, no meio dessa
mediação, o processo de interação se torne eficaz, de uma forma mais
socialmente falando, as práticas culturais impostas aos alunos se tornem
produtivas, trabalhando também o que definido por exemplo “senso comum”. Falando
em produção, Simon vincula a noção de poder produtivo á praticas de produção
semiótica, um campo que ele argumenta ser central para as preocupações da
pedagogia. Semiótica é a ciência geral
dos signos que estuda todos os fenômenos de significação e foi usada pela
primeira vez em Inglês por Henry Stubbes (1670). Mais abrangente que a linguística,
a qual se restringe ao estudo dos signos linguísticos, ou seja, do sistema
sígnico da linguagem verbal, esta ciência tem por objeto qualquerMais
abrangente que a lingüística, a qual se restringe ao estudo dos signos
linguísticos, ou seja, do sistema sígnico da linguagem verbal, esta ciência tem
por objeto qualquer sistema sígnico - Artes visuais, Música, Fotografia,
Cinema, Culinária, Vestuário, Gestos, Religião, Ciência, etc. sistema sígnico – Artes visuais, Música, Fotografia, Cinema, Culinária, Vestuário, Gestos, Religião, Ciência, etc. Essa prática de ensino traz o aluno para a criação de sua
particularidade, para sua descoberta, de expressão simbólica e textual
influenciando sua mediação com o docente para um eventual processo de
transformação de qualquer ordem social. Simon também procura uma articulação
entre as variadas práticas de “trabalho cultural”, onde diferentes grupos de
trabalho, que são o próprio corpo docente, que podem unir esforços para uma nova
prática, ou seja, a união de seus trabalhos em singularidade modifica e aumenta
as possibilidades para uma prática centrada na chamada semiose. A escola como
tecnologia Político-culturais nos faz pensar o que a escola está fazendo com o
trabalho pedagógico. O autor nos permite perceber que os dois são inseparáveis
até mesmo dá “política”, pois também é questão política. “A noção de “política”
utilizada aqui se refere aos limites e também ás possibilidades colocados a uma
série de atividades cotidianas pelo campo de recursos materiais, sociais e
simbólicos” (SIMON, 1995, p.67). Todo o currículo, condições de ensino e
práticas pedagógicas são orientadas por uma política, até porque, o
reconhecimento dá escola se dá através da escolarização, da forma como se faz
todo projeto de distribuição do conhecimento, trazendo aí a resposta da sociedade
seja boa ou ruim. Simon chama de “tecnologias culturais” todo conjunto de
práticas organizacionais, curriculares e pedagógicas que contribuem para
definir as formas pelas quais o significado é produzido, no caso, a produção
semiótica, produção essa que os signos são mediados quando as pessoas tentam
atribuir significados a aspectos de sua própria existência e até de outras. Sobre
a palavra tecnologia, esse termo é diretamente ligado á prática escolar. Porém,
Simon não descarta seu interesse sobre a produçãosemiótica,
e sim utiliza esse conceito para especificar um modo de produção, uma forma de
organizar e regular, um campo de diferentes saberes e poderes. “A tecnologia é
social antes de ser técnica” (DELEUZE, 1988, p.40). A noção de tecnologia está
concretizada como um conjunto de procedimentos, mecânicos e técnicos, também
incluídos a produção daquilo que é conhecível em relação a formas materiais,
sociais e espirituais. A noção de “tecnologias culturais” refere-se a todo o
conjunto de práticas institucionais, dos quais formas de imagens, som, textos e
fala, são construídas e apresentadas para diversas interações em sala de aula
entre docentes e alunato. Tecnologias essas que são implicadas na produção de
significados como já foi dito, produção semiótica, que dão as pessoas uma ideia
de quem elas são, quem são os outros, e qual serão seus futuros. “O que deve
ser enfatizado a respeito de uma determinada tecnologia cultural, o que lhe dá
uma especificidade particular, é seu status
como um aparato de semiose” (SIMON, 1995, p.72). Para o autor, essas
tecnologias culturais enquadram atos tanto de representação quanto de
compreensão e reconhecimento. Elas reúnem posições a partir das quais as
pessoas constroem formas visuais, escritas, auditivas ou gestuais de “textualidade”
e se dirigem a outras através dessas textualidades. Como educadores, reconhecer
que as pessoas não vivem suas vidas no interior de campos discursivos
unificados é de extrema importante para reconhecermos a organização social.
Todo o significado que é produzido no decorrer da vida, compreender e comunicar
são potenciais múltiplas e contraditórias na convivência afetiva. Existem
várias outras formas de tecnologias culturais que são fundamentais para a
ampliação de várias possibilidades para construção de ideias para se entender
que somos e podemos ser no futuro. A introdução da noção de tecnologia cultural
para se entender melhor a pedagogia da possibilidade é essencial, já que a
articulação para colocar a educação no interior do espaço heterogêneo dos
estudos culturais dão subsídios para uma preocupação mais exclusiva dando
métodos para representação. Concluindo esse capitulo, Simon encerra destacando
também uma pedagogia progressista onde não podemos caracterizar, de forma
alguma, o que ele chamou de prática cultural “progressista”. “Em minha visão,
uma pedagogia progressista não pode provir da intenção de fazer com que aquelas
pessoas que participam de nossas aulas, que assistem a nossos filmes, a nossos
livros e, escutam nossos programas de rádio e nossa música ocupam nossos
prédios e espaços urbanos e assistem nossas atividades religiosas, pensem e
ajam como nós o fazemos” (SIMON, 1995, p.79). Os professores e outros tipos de
trabalhadores culturais precisam ter a intensão de organizar uma prática
simbólica que provoque semioses. Para Simon,a melhor
forma de utilizar da tecnologia cultural, a exemplo da fotografia de um
documentário, é um excelente lugar para começar a estingar uma investigação
multilocalizada dos problemas políticos pedagógicos inerentes ao trabalho cultural,
já que a imagem, a invenção dá fotografia se tornou um instrumento de
persuasão. A intenção maior de Simon foi apontar uma reconstrução pedagógica
onde, como agentes primordiais para o desenvolvimento dessa construção,
professores e outros trabalhadores culturais,pudessem ser desenvolver um novo
potencial no processo de escolarização, juntando também novas formas de
trabalhos produzidas em singularidades em várias formas e diferentes campos
culturais, trabalhando a produção semiótica e as diversas formas de tecnologias
culturais.