quinta-feira, 20 de março de 2014

RESENHA DE TEXTO: “A Pedagogia como uma tecnologia cultural”, de Simon (1995)



Joab Fernandes de Melo Lula – Graduando em Pedagogia/UEPB
Cursista do Componente de Aprofundamento Introdução aos Estudos Culturais em Educação/Curso de Pedagogia-UEPB

SIMON, Roger I. A Pedagogia como uma tecnologia cultural. IN: SILVA, Tomaz Tadeu da (Org). Alienígenas na sala de aula: uma introdução aos estudos culturais em educação. Petrópolis: Vozes, 1995. (p. 61-84)

O texto descrito em questão é do livro de Roger I. Simon introdução aos estudos culturais em educação, aprofundado sobre o capitulo III sobre a pedagogia como uma tecnologia cultural. Essa resenha propõe uma releitura, resumida e mais clara sobre o que o autor pretende com relação à tarefa de formular uma pedagogia da possibilidade. Que possamos voltar todas as nossas atenções, como corpo docente, e a escola sobre as relações de poder existentes que permeiam a esses tipos de tarefas, quefacilitam ou não, a construção de uma prática pedagógica educativa relevante ao processo de escolarização. Em um primeiro momento, o autor busca compreender como pode ser feita essa formulação, essa busca por uma pratica educacional que possa ajudar os estudantes a avaliar convenções sociais, através de dois argumentos que são importantes, porém intrigantes, para podermos identificar como deve pensar as escolas sobre seu processo de escolarização e trabalho docente. Sobre o primeiro argumento, pensasse que não se pode acreditar em uma nova forma de ensino a escola perdendo um tempo precioso simplesmente reproduzindo a sociedade em que vivemos ao invés de propor uma dimensão para mostrar ao individuo seus deveres e interesses em sua defesa. A educação nas sociedades tem a tarefa de mostrar que os interesses individuais só se realizam plenamente através dos interesses sociais. Sendo assim, a educação ao socializar o indivíduo, mostra a este que sozinho, o ser humano não sobrevive, e que ele só pode desenvolver as suas potencialidades estando em contato com o meio social, ou seja, com as outras pessoas.A educação reproduz a sociedade, pois a contradição e o conflito não são tão manifestos na sociedade, porque a reprodução é dominante, observando-se que a educação acaba por fazer o que a classe dominante lhes pede. Como a sociedade, a educação é um campo de luta entre várias tendências e grupos. Ela não pode fazer sozinha a transformação social, pois ela não se consolida e efetiva-se sem a participação da própria sociedade (GADOTTI, 1995). E o segundo argumento fala sobre o ser prático e crítico. A questão que mais destrói o caminhar da escola e do docente é o cansaço físico e mental.  A importância de nos voltarmos para a pedagogia como um modo vital de envolvimento na tarefa de transformação social é primordial, podendo a escola ter um proposito para servir, ter conhecimento válido, uma forma de passar tal conhecimento. Diante de tais argumentos, o autor considera insuficientes e fracos. Fazendo uma articulação entre estes dois pontos, ele insere no contexto o chamada política cultural. “Na verdade, é através desse caminho (isto é, da conexão da pedagogia com uma política cultural) que desejo contestar o segundo argumento, a visão de que colocar a pedagogia no centro de nossos esforços é um desgaste de energia que estaria melhor colocada se estivesse dirigida para analises e lutas do nível macro (SIMON, 1995, p.62). As politicas educacionais também tem seus pontos que também não podem ser esquecidos, e também são colocados em pauta com relação a seus objetivos que são de deduzir o valor das distribuições orçamentárias; a economia entre escolas públicas e privadas. Por isso a necessidade de uma forma de escolarização em comunidades especificas continua e democrática quanto a transformações de seus próprios interesses sociais. Das práticas educacionais, essa transformação se dá através da existência de um poder que enfatiza os efeitos de uma produção. Ao produzir tal atividade junto aos alunos, apresenta-se um esforço sobre tal atividade para que, no meio dessa mediação, o processo de interação se torne eficaz, de uma forma mais socialmente falando, as práticas culturais impostas aos alunos se tornem produtivas, trabalhando também o que definido por exemplo “senso comum”. Falando em produção, Simon vincula a noção de poder produtivo á praticas de produção semiótica, um campo que ele argumenta ser central para as preocupações da pedagogia. Semiótica é a ciência geral dos signos que estuda todos os fenômenos de significação e foi usada pela primeira vez em Inglês por Henry Stubbes (1670). Mais abrangente que a linguística, a qual se restringe ao estudo dos signos linguísticos, ou seja, do sistema sígnico da linguagem verbal, esta ciência tem por objeto qualquerMais abrangente que a lingüística, a qual se restringe ao estudo dos signos linguísticos, ou seja, do sistema sígnico da linguagem verbal, esta ciência tem por objeto qualquer sistema sígnico - Artes visuais, Música, Fotografia, Cinema, Culinária, Vestuário, Gestos, Religião, Ciência, etc. sistema sígnico  Artes visuais, Música, Fotografia, Cinema, Culinária, Vestuário, Gestos, Religião, Ciência, etc. Essa prática de ensino traz o aluno para a criação de sua particularidade, para sua descoberta, de expressão simbólica e textual influenciando sua mediação com o docente para um eventual processo de transformação de qualquer ordem social. Simon também procura uma articulação entre as variadas práticas de “trabalho cultural”, onde diferentes grupos de trabalho, que são o próprio corpo docente, que podem unir esforços para uma nova prática, ou seja, a união de seus trabalhos em singularidade modifica e aumenta as possibilidades para uma prática centrada na chamada semiose. A escola como tecnologia Político-culturais nos faz pensar o que a escola está fazendo com o trabalho pedagógico. O autor nos permite perceber que os dois são inseparáveis até mesmo dá “política”, pois também é questão política. “A noção de “política” utilizada aqui se refere aos limites e também ás possibilidades colocados a uma série de atividades cotidianas pelo campo de recursos materiais, sociais e simbólicos” (SIMON, 1995, p.67). Todo o currículo, condições de ensino e práticas pedagógicas são orientadas por uma política, até porque, o reconhecimento dá escola se dá através da escolarização, da forma como se faz todo projeto de distribuição do conhecimento, trazendo aí a resposta da sociedade seja boa ou ruim. Simon chama de “tecnologias culturais” todo conjunto de práticas organizacionais, curriculares e pedagógicas que contribuem para definir as formas pelas quais o significado é produzido, no caso, a produção semiótica, produção essa que os signos são mediados quando as pessoas tentam atribuir significados a aspectos de sua própria existência e até de outras. Sobre a palavra tecnologia, esse termo é diretamente ligado á prática escolar. Porém, Simon não descarta seu interesse sobre a produçãosemiótica, e sim utiliza esse conceito para especificar um modo de produção, uma forma de organizar e regular, um campo de diferentes saberes e poderes. “A tecnologia é social antes de ser técnica” (DELEUZE, 1988, p.40). A noção de tecnologia está concretizada como um conjunto de procedimentos, mecânicos e técnicos, também incluídos a produção daquilo que é conhecível em relação a formas materiais, sociais e espirituais. A noção de “tecnologias culturais” refere-se a todo o conjunto de práticas institucionais, dos quais formas de imagens, som, textos e fala, são construídas e apresentadas para diversas interações em sala de aula entre docentes e alunato. Tecnologias essas que são implicadas na produção de significados como já foi dito, produção semiótica, que dão as pessoas uma ideia de quem elas são, quem são os outros, e qual serão seus futuros. “O que deve ser enfatizado a respeito de uma determinada tecnologia cultural, o que lhe dá uma especificidade particular, é seu status como um aparato de semiose” (SIMON, 1995, p.72). Para o autor, essas tecnologias culturais enquadram atos tanto de representação quanto de compreensão e reconhecimento. Elas reúnem posições a partir das quais as pessoas constroem formas visuais, escritas, auditivas ou gestuais de “textualidade” e se dirigem a outras através dessas textualidades. Como educadores, reconhecer que as pessoas não vivem suas vidas no interior de campos discursivos unificados é de extrema importante para reconhecermos a organização social. Todo o significado que é produzido no decorrer da vida, compreender e comunicar são potenciais múltiplas e contraditórias na convivência afetiva. Existem várias outras formas de tecnologias culturais que são fundamentais para a ampliação de várias possibilidades para construção de ideias para se entender que somos e podemos ser no futuro. A introdução da noção de tecnologia cultural para se entender melhor a pedagogia da possibilidade é essencial, já que a articulação para colocar a educação no interior do espaço heterogêneo dos estudos culturais dão subsídios para uma preocupação mais exclusiva dando métodos para representação. Concluindo esse capitulo, Simon encerra destacando também uma pedagogia progressista onde não podemos caracterizar, de forma alguma, o que ele chamou de prática cultural “progressista”. “Em minha visão, uma pedagogia progressista não pode provir da intenção de fazer com que aquelas pessoas que participam de nossas aulas, que assistem a nossos filmes, a nossos livros e, escutam nossos programas de rádio e nossa música ocupam nossos prédios e espaços urbanos e assistem nossas atividades religiosas, pensem e ajam como nós o fazemos” (SIMON, 1995, p.79). Os professores e outros tipos de trabalhadores culturais precisam ter a intensão de organizar uma prática simbólica que provoque semioses. Para Simon,a melhor forma de utilizar da tecnologia cultural, a exemplo da fotografia de um documentário, é um excelente lugar para começar a estingar uma investigação multilocalizada dos problemas políticos pedagógicos inerentes ao trabalho cultural, já que a imagem, a invenção dá fotografia se tornou um instrumento de persuasão. A intenção maior de Simon foi apontar uma reconstrução pedagógica onde, como agentes primordiais para o desenvolvimento dessa construção, professores e outros trabalhadores culturais,pudessem ser desenvolver um novo potencial no processo de escolarização, juntando também novas formas de trabalhos produzidas em singularidades em várias formas e diferentes campos culturais, trabalhando a produção semiótica e as diversas formas de tecnologias culturais.