Robson de
Oliveira Silva
Graduando em História /UEPB
Monitor de Cinema e Ensino de História na Educação
Básica
Referência
Napolitano, M. In: São Paulo (Estado)
Secretaria da Educação. Caderno de cinema do professor: dois/Secretaria da
Educação, Fundação para o Desenvolvimento da Educação. Devanil Tozzi, et al
(Org). - São Paulo: FDE, 2009. (P. 10 a 31)
Principais ideias:
Segundo
Napolitano o cinema é uma das mais fortes experiências sociais para a sociedade
de massas no século XX. Essa experiência audiovisual expandiu sua abrangência social
através do advento da televisão no final da década de 40, ambos os casos
(Cinema e TV) eram lugar de lutas sociais, culturais, politicas, econômicas e
ideológicas. Os filmes podem ter diversos sentidos, primeiramente devido ao
“efeito de realidade” que desperta emoções e juízos estabelecidos através das
subjetividades dos telespectadores, e em um segundo momento, pode ser visto
através da objetividade, racionalidade e realismo. Dentro dessa ambivalência na
apreensão do filme pelo público, o autor propõem maneiras de como fazer para
transformar estas experiências sociais e culturais em experiência de
ensino/aprendizagem.
O filme
pode ser compreendido como resultado de uma série de recortes, escolhas
adaptações dos autores e diretores, devido essas características todo filme
documental não é uma apresentação “real” dos fatos, esta concepção dúbia de
filme “real” e “ficcional” deve ser revista pelo educador que pretende
trabalhar com cinema em sala de aula, ademais, todo filme ficcional está
relacionado com o meio social em que foi criado. A escola deve usar os filmes
dentro dessas premissas (Representação e encenação) e pra isso o cinema deve
ser concebido como uma linguagem artística – que se encontra dependente de aspectos
técnicos, de gênero, de narrativa e de ideologia.
A
partir da análise destes elementos, não só o texto (roteiro) ou as legendas
devem ser tomados como enunciados no filme, mas também “Mais importante é a maneira
como se aborda e conta a história veiculada pelo filme e em que situações
fílmicas os diálogos e textos verbais estão colocados na sequência de cenas”
(NAPOLITANO, 2009, p. 13).
O autor aborda a importância do exercício de análise
dos filmes, citando que é mais fácil em primeiro momento criar um corpus de filmes com o mesmo tema, e
comparar seus aspectos narratológicos e contextuais, levando em consideração
que “Todo filme é uma representação encenada da realidade social e todo filme é
produto de uma linguagem com regras técnicas e estéticas que podem variar
conforme as opções dos realizadores” (Idem. p. 12).
De
acordo com Napolitano, o Filme adquire uma linguagem diferenciada de todas as
outras artes como música, pintura, teatro, etc. Mesmo que essas manifestações
artísticas se aproximem e se dialoguem, o filme para ser analisado necessita de
uma abordagem semiológica específica, e esse desafio da linguagem audiovisual se
apresenta a quem venha analisar um filme com objetivos didáticos. O papel do
professor é então instrumentalizar o “olhar” do aluno de modo que esse seja não
só de encantamento como também de um olhar crítico. Para que isso aconteça é
preciso que o professor compreenda o que o autor chama de “linguagem
cinematográfica”, admitindo que o filme é construído por uma série de escolhas
e influencias narrativas e técnicas de outros filmes, o que leva a uma reflexão
a cerca dos diversos momentos do cinema em que as narrativas e as técnicas são
distintas, a exemplo dos primeiros filmes produzidos onde havia somente uma
câmera fixa e um cenário onde os atores encenavam de forma bem próxima ao
teatro. Para analisar estas categorias, o autor incita também o professor a
assistir obras clássicas de diferentes momentos históricos, e também de
diferentes escolas, estilo, qualidade, gêneros e lugares.
Para
a instrumentalização do olhar fílmico é necessário apreender as etapas
produtivas do filme, os recursos técnicos e estéticos utilizados. Todo filme
passa por um processo de pré-filmagem, que correspondem à elaboração do
roteiro, escolha de autores e estúdios, etc.; filmagem; montagem (seleção das
cenas, cortes, organização das tomadas); e lançamento, nessa ultima etapa o
filme é lançado como um produto no mercado cultural. O filme como um produto
artístico deve ser analisado nos seus mínimos detalhes, a exemplo do figurino
usado pelos personagens, cenários e objetos, atores, luzes, sons, ângulos,
cores, e outros aspectos próprios do cinema. Porém, nem só nestes aspectos do
produto final do filme deve ser abordado, pois como afirma Napolitano: “A
análise fílmica começa quando conciliamos o olhar que capta o resultado final
de um filme e a reflexão sobre as escolhas, recursos e processos que estão por
trás destes resultados” (NAPOLITANO, 2009, p. 18).
Para
não recair na tradição errônea de usar o filme somente como ilustração ou
exemplificação do conteúdo estudado, o autor cita duas formas instigantes de
utilização do filme no ensino:
“a) O filme pode ser um “texto” gerador de
debates articulados a temas previamente selecionados pelo professor; [...] b) O
filme pode ser visto como um documento em si. Neste caso, é analisado e
discutido como produto cultural e estético que veicula valores, conceitos,
atitudes e representações sobre a sociedade, a ciência, a política e a
história” (Idem p.21).
Para desenvolver essa análise o professor deve debater
com os alunos e buscar suas opiniões, que tendem a convergir para os conteúdos
estudados em sala de aula e os Temas Transversais. Essas questões fazem do
planejamento um momento indispensável do uso de tais ferramentas, nisso inclui
não só assistir e analisar o filme com antecedência,
como criar um roteiro de estudo, com informações prévias sobre o filme, coa
exemplo de informações técnicas e temas a serem tratados.
é
necessário também fazer uma sondagem dos alunos a fim de conhecer suas
afinidades e conhecimentos prévios relacionados ao cinema e o seu conhecimento
de mundo, contexto social e o nível de entendimento da linguagem
cinematográfica. Essa sondagem pode ser feita através de um questionário básico
onde os alunos devem responder quantos filmes assistiu ultimamente, com qual
frequência, se assiste em cinema ou televisão, e quais suas preferências. O uso
do cinema na sala de aula não implica “ensinar cinema” na escola, mas sim,
utilizar uma das mais fascinantes manifestações culturais no sentido de
possibilitar um momento reflexivo com o uso do filme, abordando temas
transversais e conteúdos referentes ao filme e ao cotidiano social e escolar
dos alunos.