Robson de
Oliveira Silva
Graduando em História /UEPB
Monitor de Cinema e Ensino de História na Educação
Básica
Quando pensamos em
modernidade geralmente a relacionamos com um momento de ruptura temporal, onde
os símbolos do Iluminismo e do positivismo (como a igualdade, o progresso, a
ordem e a liberdade) fizeram parte da construção dos Estados Nacionais, dos
seus instrumentos de poder e dos modos de produção. A partir do filme “Os
Miseráveis”, baseado na obra homônima escrita por Victor Hugo no século XIX,
podemos refletir sobre a relatividade destes símbolos inerentes a modernidade.
Ademais o filme possibilita refletir como um estado dito moderno (França da
metade do século XIX) e sua forma de produção capitalista traz não só o
“progresso” econômico e a implementação de um sistema jurídico “avançado” como
também inúmeras formas de exclusão social devido a má distribuição de renda,
excesso de poder exercido pelos mecanismos de coerção do Estado (sistema
jurídico e forças armadas) e a forma de organização política.
O filme narra à
história do ex-detento Jean Valjean que após ficar preso por 19 anos por roubar
pão para alimentar sua família e ser obrigado a fazer trabalhos forçados em uma
pedreira consegue a “liberdade” e tenta se inserir novamente na sociedade.
Devido ao seu estado de exclusão social, é conduzido a roubar o bispo que lhe
deu abrigo e comida. Ao invés de denunciá-lo o bispo dá-lhe uma segunda chance
para se redimir de seus atos falhos e se inserir na sociedade. Após alguns
anos, Valjean conquista sua estabilidade social através do cargo de prefeito em
uma pequena cidade e torna-se empresário, mas sua tranquilidade acaba quando um
policial o reconhece e começa a persegui-lo pelo fato de Valjean ter possíveis
pendências com a lei.
Refletindo a
respeito do conflito social em que a França se encontra no período citado pelo
filme (Revolta de 1832) podemos problematizar a forma como o progresso trazido
pelo desenvolvimento econômico e pelas novas formas de governo dos estados
nação não trouxe melhorias a todos. Somente alguns se beneficiaram do progresso
enquanto outras classes sociais se encontram desfavorecidas. Apesar de o filme
ser uma adaptação de um romance em que a principal proposta do enredo é o
debate a sobre a moral, o qual podemos utilizar de seu contexto histórico para
compreendermos melhor as rupturas e as permanências na história assim como a
relatividade dessas transformações e continuidades.
REFERÊNCIA
OS MISERÁVEIS (Les
Misérables). Direção de Billie August, roteiro de Rafael Yglesias, romance de
Vitor Hugo; Reino Unido, Alemanha, EUA: distribuído por Mandalay Entertainment,
1998. DVD (131 min.) Ntsc, son., color. Legendado Port.