domingo, 25 de dezembro de 2011

MULAN (Parte 2): DISCUTINDO AS QUESTÕES DE GÊNERO A PARTIR DO FILME MULAN




Por Danielle Pontes

Durante décadas, a Disney vem conquistando o público através de seus filmes e desenhos, garantindo não só entretenimento, mas também veiculação da concepção de gênero e de símbolos sobre o feminino. Um grande exemplo desta abordagem é o filme Mulan. A personagem central, Fa Mulan é representada como uma típica adolescente que ainda está descobrindo suas vontades e seus limites, passando por conflitos internos e externos. Uma grande pressão sobre a jovem é o casamento. O dever de preservar a honra da família através do casamento não obteve sucesso, causando muita tristeza para si e para sua família, pois seria inadmissível a filha única não casar-se. Não conseguindo honrar a família pelo casamento, honra pela presença em batalha. Fa Mulan toma a atitude drástica de vestir-se de homem, adotar atributos masculinos e ir para a guerra. Outro conflito que a Fa Mulan enfrentava era os valores que a sua sociedade atribuía às mulheres. Ela não assimilava bem valores como: ser delicada, ser obediente, ser uma boa esposa e ter muitos filhos. Podemos ver isto quando Fa Mulan visita a casamenteira do vilarejo e anota no seu braço valores atribuídos ao feminino, acredito por estes não fazerem parte de sua personalidade.
 
Fa Mulan chega ao treinamento no acampamento militar adotando atributos ditos masculinos com a ajuda do dragão Mushu. São considerados atributos masculinos: arrotar, ser rude, agressivo, cuspir. Como em sua sociedade é intolerável uma mulher comportar-se dessa forma, ela concorda em imitar os homens a fim de atingir os seus objetivos: alistar-se para a guerra em nome de sua família. Ser um soldado foi a única à maneira de Fa Mulan não ser descoberta e trazer a tão desejada honra para a família. Guerrear já que não conquistou um marido e honrou a família através do casamento. Fa Mulan, ao armar estratégias para derrotar os hunos, mostra a sua esperteza e desenvoltura ao lidar com os obstáculos, e não pela força, característica essa predominantemente masculina. Então,  torna-se heroína e volta a ter a sua importância reconhecida, como mulher não precisando se casar para ter essa honra, pois o seu casamento com o então general Shang foi um fato natural, de amor, não uma obrigação como sua família e a sociedade da qual fazia parte. O casamento é representado como um ato voluntário, tornando-a uma mulher livre sem imposições. 
  
Na atualidade, as mulheres buscam serem sujeitos de sua própria história querem estudar, trabalhar e com isso conquistar sua independência, mas também querem casar, porém não querem ser apenas aquela mulher onde o seu dever é dar suporte ao sucesso de seu marido e com isso ser submissa a ele, colocando sua vida em segundo plano, fazendo dela o sexo “frágil” na qual deve haver limites e imposições para ela. O filme Mulan mostra um pouco da mulher contemporânea que luta, rompe com as normas da sociedade, a fim de acabar com o preconceito e a desvalorização da mulher.