sábado, 24 de agosto de 2013

ANÁLISE ESTRUTURAL DA NARRATIVA DO FILME: “A PRINCESA ENCANTADA”


Galba Araújo Lima
Graduanda em Pedagogia/UFPB
Monitora de Extensão/PROEAC-UEPB

Os filmes animados mais assistidos são os da Disney, que são uma fonte de diversão para as crianças e que atualmente está sendo visto como uma “máquina de ensino” devido seu poder de persuasão e de transmissão de valores, por meio da fantasia que estimula a imaginação dos pequenos (GIROUX, 2001).

Uma das coisas importantes e interessantes das quais aprendemos no curso “Cinema & Educação”, foi a de analisar o esquema de uma narrativa de filme. As narrativas possuem uma estrutura básica composta de 31 funções que estão organizadas em grupos narrativos (PROPP, 2006). Os filmes produzidos pela Disney e outras empresas produtoras de cinema, como a PIXAR ou a New Line Cinema apresentam as funções do Propp em seus filmes, mas não todas obrigatoriamente.

O filme “A Princesa Encantada” produzido pela New Line Cinema e escrito por Richard Rich, cujo título original é “The SwanPrincess”segue esse esquema narrativo e apresenta muitas das funções do Propp (2006). Pelo título do filme, podemos compreender que se trata de um conto de fadas. Ao assisti-lo podemos identificar os personagens levando em consideração as esferas do Propp (2006): o vilão da história é o feiticeiro Rothbart (que tenta obter informações sobre o Rei Willian e sua filha prejudicando-os); os doadores ou mentores são os amigos da princesa, Jean-Bob (o sapo que fala francês e diz ser um príncipe), Veloz (a tartaruga) e Puffin (a coruja esperta e que possui boas ideias, e que incentiva a princesa a ir atrás do seu grande amor); o papel de ajudante ficou para Bromley, um arqueiro atrapalhado e amigo fiel do príncipe; a princesa Odette (prometida ao príncipe desde o seu nascimento e única filha do Rei William); o expedidor do filme é Puffin (a coruja), pois é dela que parte as ideias que impulsionam a princesa a fugir do vilão Rothbart; o herói é o príncipe Dere (também prometido a Odette desde criança, ambos vivem as turras na infância, mas ao chegar a adolescência se apaixonam e prometem a seus pais, casarem-se e unir seus reinos); o falso herói é o vilão Rothbart, embora sinta um certo “afeto” por Odette, transforma-a em cisne prometendo desfazer o feitiço se ela casar-se com ele.

No filme “A Princesa Encantada” podemos destacar alguns pares binários, que se refletem através dos personagens mostrando suas essências X aparências. Como já foi dito, os pares binários identificados no filme são: bondade X maldade, amizade X inimizade, coragem X covardia, beleza X feio, paixão X ódio, humanidade X ambição, simplicidade X vaidade e, mágico X realidade.

Na história podemos identificar o “estado de plenitude” (conceito de Todorov) que ocorre enquanto Odette e Derek são crianças, pois vivem tranquilamente em seus castelos, e também vivenciam parte da sua infância juntos nos períodos de verão.
O conflito é outra parte identificada na história, e acontece quando o feiticeiro Rothbart sequestra Odette, mata seu pai e a transforma em cisne, mantendo-a em um lago próximo ao seu castelo. Finalmente, a resolução do conflito ou desfecho ocorre quando Derek descobre que o cisne é Odette e a beija em sua forma real jurando amor eterno, salvando-a da morte e matando o malvado feiticeiro. Então, os dois se casam e vivem felizes para sempre.

Em cada uma das cenas do filme foi possível identificar facilmente algumas das 31 funções da narrativa de Propp, de acordo com os seus grupos: preparação, complicação, transferência, luta, retorno e reconhecimento.

Referência Bibliográfica:
PROPP, Vladimir I. Morfologia do conto maravilhoso. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.
TURNER, Graeme. A narrativa no cinema. In: Cinema como prática social. São Paulo: Summus, 1997. (p. 72-96)