segunda-feira, 8 de julho de 2013

CRIANÇAS, SEUS PAIS E A TELEVISÃO


Mônica Teodósio
Graduanda em Pedagogia/UEPB
Monitora de extensão/PROEAC-UEPB

O autor do texto “Bons motivos para gostar da televisão que sua criança gosta”, logo na introdução começa o texto escrevendo dois episódios. No primeiro deles, duas crianças, o Tiago de 8 anos, que gosta do videogame Crash of the Titans e o Pedro de 7 anos, que curte o Ben 10. Ambos parecem passivos diante da realidade, mas, quando indagados sobre algo que gostam, são espontâneos e criativos ao explicar categoricamente os detalhes dos personagens e como desenvolvem-se no desenho ou no videogame. Sendo assim, fica claro a reflexão que o autor pretende provocar no leitor, levando-o em busca da compreensão do por que das crianças permanecerem tanto tempo em frente à TV, e de que maneira pais e educadores podem utilizar esse fato como mecanismo de aprendizagem. É certo uma criança ser forçada a entrar no mundo dos adultos? Não será mais pedagógico os adultos fazerem essa tarefa?

Os pais se queixam da falta de dialogar com seus filhos, mas no texto fica explícito que os filhos não conseguem estabelecer conversas com os pais, pois os mesmos desconhecem ou ignoram o seu mundo, o que resulta em uma grande lacuna, e os adultos perdem a oportunidade de estreitar a relação de respeito, confiança, segurança e de conhecimento.

Enquanto os pais e educadores buscarem formas de distanciar as crianças da televisão, no sentido de fazê-las estudarem mais, “jogam fora” o ensejo de usá-la para a construção do conhecimento, e estreitamento das relações humanas. O grande mestre Paulo Freire (1921-1997), não conseguia perceber a construção do conhecimento se este, não partisse de sua realidade. Pois, segundo ele o conhecimento prévio do educando tem que ser levado em conta.

Magalhães ratifica que a função principal dos adultos é apresentar o mundo às crianças, porém são elas que irão escolher a melhor formar para apropria-se do mesmo. Sabe-se que as crianças estão extremamente “antenadas”, seja pelos meios de comunicação, seja por amigos, parentes, livros, cultos religiosos, videogame, internet, entre outros. Assim, faz jus ao filósofo Rousseau (1712 – 1778), quando dizia “O homem nasce bom e é bom por natureza, embora a sociedade o corrompa”. Então, o que escolher? O autor diz que na forma como os pais e educadores revelarem o mundo é que as crianças vão usar mecanismos e discernimento para distinguir as informações que devem escolher e as que deve refutar. E como ficam as crianças cujos pais e professores não conseguem fazer esta distinção?

Na analogia feita do avô à TV, fica claro que a função da televisão é diversão, curtição, sem cobrança alguma. Sendo assim, o avô não tem a função de impor regras, como os pais, mas de se entreter com a criança, quebrando as regras estabelecidas pelos pais, sendo muitas vezes, companheiro nas travessuras com os netos.

O autor faz uma crítica que apesar da TV ser um eletrodoméstico, ela fica intocável como uma “Deusa”, em que as regras são estabelecidas por ela e não pelos seres humanos. Será que o aparelho eletrônico é superior ao ser humano? Chama atenção ao leitor para o binarismo que se faz da televisão: para alguns se apresenta boa, para outros, má. No sentido que, as pessoas não têm a compreensão que a TV, influencia no comportamento, bem como, na visão de mundo. Outrossim, o que se observa é a maneira de não saber como utilizar este meio de comunicação tão importante na construção da formação de opinião das pessoas.

É certo que as crianças gostam de assistir programações infantis, mas estas são poucas e em horários inadequados para as crianças, pois os programas tendem a passar no horário, em que as crianças estão em sala de aula. Nesta perspectiva, pode-se perceber como os professores ganhariam se aproximassem as programações televisivas com as suas práticas educativas. E tivessem a compreensão dos elementos que podem ser trabalhados com os seus alunos partindo de um desenho, e com isso, podendo utilizar também filmes, entre outros. O mundo da ficção seria a base para a criança compreender o mundo real, os vários âmbitos da sociedade, seja de caráter econômico, político, cultural e social, propondo cidadãos críticos capazes de compreender e desenvolver o seu conhecimento com fundamentos teóricos e práticos.

Referência Bibliográfica

MAGALHÃES, Cláudio. Bons motivos para gostar da televisão que sua criança gosta. In: RIBEIRO, R. ET ALL (Orgs.). A infância na mídia. Autêntica, 200. (p. 197-216)